Quaresma, caminho para a Páscoa – tempo de jejum e conversão
A Quaresma é tempo de preparação à Páscoa e procura que essa dinâmica de morte para a vida carnal e ressurreição para a vida espiritual seja vivida mais profundamente.
“Eu lhes asseguro que se o grão de trigo que cai na terra não morrer, não dará fruto” (Jo 12,24).
A duração do jejum da quaresma foi estabelecida no século IV de 40 dias de duração. Tempo que vai da Quarta-Feira de Cinzas até a Páscoa. Durante este período, os participantes buscam jejuar, comem muito pouco, ou simplesmente deixam de comer algum tipo de comida ou deixam de praticar alguma ação habitual. A quaresma inicia na Quarta-Feira de Cinzas com forte apelo ao jejum, à oração e principalmente ao desapego das vontades da carne como forma de lembrarem-se do arrependimento de seus pecados, imitando o exemplo das pessoas do Antigo Testamento, que usavam vestes de panos de saco, cinzas na cabeça e jejum (Ester 4,1-3; Jeremias 6,26; Daniel 9,3; Mateus 11,21).
Entretanto, afirmamos que a Bíblia não ensina que tais atos de jejum alcancem qualquer mérito junto a Deus.
“Este é o jejum que eu amo, oráculo do Senhor: soltar as correntes injustas, desatar os laços do jugo, deixar em liberdade aos oprimidos e romper todos os jugos; compartilhar teu pão com o faminto e abrigar aos pobres sem teto; cobrir ao que vês nu...”. (Isaías 58, 6-9)
À luz de suas palavras, compreendemos com o tempo, que o jejum como abstenção de comida tem cedido lugar ao jejum como símbolo e expressão de uma renúncia a tudo aquilo que nos impede realizar em nós o projeto de Deus, convidando-nos a transformá-lo em gesto de solidariedade efetiva com os que passam fome, trabalhando pela eliminação de toda injustiça na vida pessoal e social, e pela liberação de toda opressão e corrupção.
Devemos estar atentos para que as “práticas quaresmais” não se resumam nos 40 dias da quaresma, mas tenham a duração no ano inteiro.
Pastora Márcia Célia Pereira
Pastoral Escolar e Universitária do Instituto Educacional Piracicabano (IEP)